Em uma de minhas leituras diárias da Bíblia, me deparei com o Salmo 149:3 que para louvar ao Senhor com danças, e lembrei o quanto esse assunto é polêmico. Dias antes, assistindo a um filme, vi o protagonista utilizar esse Salmo para justificar sua vontade de dançar e se extravasar e que por isso ninguém o poderia impedir.
Parece-me que tem sido assim hoje em dia. Muitos utilizam textos bíblicos para tentar justificar suas vontades próprias, vontades isoladas e até completamente diferentes da clara vontade divina revelada na Bíblia. A dança é um dos temas polêmicos que estão inclusos nesses casos.
O escritor Leonardo Boff declarou em uma de suas obras: "Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam." A visão, o texto, a comunicação só podem ser entendidas devidamente, se analisados os contextos em que foram criados. Assim também é a Bíblia. Não se pode isolar determinados textos bíblicos, separando-os de seu contexto e interpretá-lo como bem entender. Sabendo que a Bíblia se explica por si só, é necessário procurar o contexto em que este salmo foi escrito para poder compreender totalmente esse verso e não usá-lo quando for conveniente.
Talvez o Salmo 149:3 não seria um texto tão polêmico se olhássemos para um texto como deveríamos, analisando o contexto. Na cultura e tempo em que foi escrito, era comum "louvar a Deus com danças" (Salmo 149:3), assim como era comum haver guerras com espadas. Porém, do mesmo jeito que em nossa cultura não há lugar para guerras e "espadas afiadas" (verso 6) por que daríamos lugar para a dança na a adoração a Deus, principalmente num tempo em que a dança é usada para muitas coisas que nada têm a ver com o louvor a Deus? "A dança sagrada de alegria santa era muito diferente das danças frívolas e degradantes de hoje". (Comentário Bíblico Adventista Vol. 3, p. 1056, CPB).
A escritora americana Ellen White falando sobre isso diz: "A dança de Davi em júbilo reverente, perante Deus, tem sido citada pelos amantes dos prazeres para justificarem as danças modernas da moda; mas não há base para tal argumento. Em nosso tempo a dança está associada com a extravagância e as orgias noturnas. A saúde e a moral são sacrificadas ao prazer. Para os que frequentam os bailes, Deus não é objeto de meditação e reverência; sentir-se-ia estarem a oração e o cântico de louvor deslocados, na assembléia deles. Esta prova deve ser decisiva. Diversões que tendem a enfraquecer o amor pelas coisas sagradas e diminuir nossa alegria no serviço de Deus, não devem ser procuradas por cristãos. A música e dança, em jubiloso louvor a Deus, por ocasião da mudança da arca, não tinham a mais pálida semelhança com a dissipação da dança moderna. A primeira tendia à lembrança de Deus, e exaltava Seu santo nome. A última é um ardil de Satanás para fazer os homens se esquecerem de Deus e O desonrarem." (Patriarcas e Profetas, p. 522, CPB)
Sabendo disso é altamente recomendável fazer o uso do bom senso aconselhado pela Palavra de Deus e não ser motivo de escândalo para alguém (Mateus 18:6) utilizando a dança para tentar louvar a Deus. Por mais que haja uma tentativa de harmonizar a dança com o cristianismo eles não se combinam. Além do mais, o conhecimento da vontade de Deus se aprofunda e se amplia com o amadurecimento do povo de Deus. Se houve um momento no passado em que a dança foi utilizada, de acordo com o conhecimento que se tinha na época, atualmente o Senhor revela novos e mais elevados padrões para Sua adoração, entre os quais a dança não está inclusa, e esses padrões precisam ser seguidos segundo a vontade divina e não segundo meus costumes, vontades, antigos hábitos, ou quando me for conveniente. Pense nisso.
(Henderson Rogers)