Professores ensinam teoria da evolução misturada à religião


Na contramão da ciência, entidades religiosas criticam o ensino da teoria da evolução das escolas, uma vez que o pensamento de Charles Darwin contraria o que a Bíblia prega. Mas, mesmo onde se ensina o evolucionismo, ele é bem explicado pelos professores? Segundo pesquisa de Ana Paula Carneiro, mestre em Ensino de Ciências pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a resposta é não.
Para responder a essa pergunta, Ana Paula pediu a professores do ensino médio da Bahia que escrevessem textos didáticos sobre a teoria da evolução. Ela se surpreendeu com a quantidade de erros conceituais apresentados. Muitos inclusive incluíam concepções religiosas. Ou seja, os professores acabavam por misturar Charles Darwin com a Bíblia.
A pesquisa foi apresentada nesta sexta-feira, 3 de setembro, em seminário sobre o ensino de evolução. Vivian Leyser, orientadora da pesquisa, acredita que é preciso questionar se basta que o professor “continue falando que vai ensinar evolução científica e que cada um fique com suas crenças pessoais”. Ela lembra do que uma resposta que um aluno do ensino médio deu na prova. “Ele disse que apenas estava repetindo o que a professora disse, mas que não acreditava em nada daquilo (teoria da evolução)".
CONSCIÊNCIA - Para a professora Maria Luiza Gastal, do Núcleo de Educação Científica do Instituto de Ciências Biológicas da UnB, a questão do ensino correto de biologia vai além de questões metodológicas. “O principal talvez seja tomar consciência dos conflitos que se pode enfrentar nas salas de aula e saber como enfrentá-los”. Segundo ela, o comum é que o professor se esquive de perguntas espinhosas colocadas pelos alunos.
Outros problemas vêm de complexidades inerentes ao tema. “Uma das confusões recorrentes é entender evolução como sinônimo de progresso. Na verdade essas transformações não representam necessariamente uma melhoria das espécies ao longo do tempo”, explica Vivian.
Nilda Diniz, professora de evolução biológica do Departamento de Genética e Morfologia da UnB, encontra dificuldades também com alunos de graduação. “Muitos chegam com ideias erradas sobre evolução aprendidas no ensino médio”, conta Nilda. “Alguns acham que já conhecem o tema e saem sem corrigir suas concepções”.
Alunos de Nilda que fazem licenciatura serão professores. “Tentamos ensinar a matéria com exemplos que podem ser reproduzidos também no ensino médio.” Segundo Vivian, o problema se repete na UFSC. “Em outra dissertação que orientei verificou-se que professores formados nos cursos da universidade também iam para sala de aula despreparados para lidar com o assunto.”
Vivian Leyser destacou que a comunidade de pesquisa em ensino de Biologia apenas recentemente despertou para a questão. Segundo ela, o caminho para melhorar esse cenário passa pelos avanços na formação de professores da área e na qualidade do material didático. Mas não só isso. “É preciso tentar estratégias para modificar a cultura de uma forma geral. Investir em mostras, exposições e outras formas de alcançar a população em geral”.
Secretaria de Comunicação da Universidade de Brasília

[HR] Irônico... ensinam o que não creem, creem no que não sabem... não sabem no que crer.
E estamos falando de professores! Agora, penso eu, se não estão preparados para o ensino sobre o evolucionismo, quanto mais ao ensino do criacionismo. Não é por acaso que o criacionismo é tão injustiçado e tão mal interpretado.
Ai, ai, ai... quanta confusão. É por isso que, mais do que nunca aconselho: Estudem as marailhosas verdades da Bíblia! E estudem sobre o evolucionismo. Pesem na balança e decidam. Mas não critiquem e muito menos ensinem sem crer!