Errando com a maioria?

[Muitos já foram vítimas inocentes] da fúria cega da multidão, que não estava em condições de examinar calmamente a evidência. [...] Durante séculos, a Europa testemunhou o espetáculo vexatório da perseguição às chamadas “bruxas”. Numa época dominada por crendices grosseiras, tanto em países católicos como protestantes, muitas mulheres foram condenadas à fogueira, sob a acusação de praticarem “bruxaria”. Mesmo a mãe de João Kepler, o pai da astronomia moderna, foi acusada de feiticeira, e foi com a maior dificuldade que o filho ilustre conseguiu persuadir as autoridades da falsidade da acusação. Num clima de obscurantismo e superstição, as multidões descarregavam seus preconceitos cegos contra pessoas que hoje seriam classificadas de doentes mentais.

Não é à toa que existe aquilo que está escrito em Êxodo 23:2: “Não seguirás a multidão para fazeres mal; nem deporás, numa demanda, inclinando-te para a maioria, para torcer o direito.”
Uma verdade científica não pode ser estabelecida contando cabeças. Nicolau Copérnico preferiu que somente depois de sua morte fosse publicado seu livro revolucionário para a época, no qual propunha que o Sol, e não a Terra, estava no centro de nosso sistema planetário. Receava que se estivesse ainda vivo, poderia cair vítima da Inquisição, que refletia as ideias retrógradas de então. Galileu, ao defender a ideia de que a Terra se revolvia em volta do Sol, fê-lo com o risco de prisão, pois com isso ofendia a opinião da maioria.

Tudo isto ilustra o simples fato de que nem a verdade científica, nem a verdade religiosa, pode ser estabelecida por mero voto da maioria. Como escreve Malcolm Muggeridge, um jornalista inglês: “O Cristianismo não é uma visão estatística da vida.” Não é contando cabeças que se averigua a veracidade do evangelho. Com efeito, os seguidores de Cristo [aqueles que andam segundo a Palavra de Deus, e não segundo tradições humanas de algum grupo religioso] constituíam uma minoria insignificante na Palestina, e mesmo três séculos mais tarde, ainda eram uma minoria no Império Romano. Entretanto, aquela minoria é que carregava a tocha da verdade que um dia haveria de iluminar o mundo.

E se os cristãos [segundo a completude da Bíblia] ainda constituem uma minoria na “Babel” moderna, isto não é razão para desânimo. Jesus anteviu este estado de coisas e deixou-nos a promessa: “Não temais, ó pequeno rebanho, porque vosso Pai Se agradou em dar-vos o reino.” Lucas 12:32. [Pense nisso...]

(Siegfried J. Schwantes - Mais Perto de Deus, p.145)