Mais um apagar das velas

Era mais um dia comum (?). O sol nasceu, entre o céu meio nublado, irradiando seus belos raios sobre a cabeceira de minha cama. Fui surpreendido com aquela tradicional cantiga “Parabéns pra você...” entoada por minha linda esposa. Uau – pensei – mais um ano se completa para mim, mais uma primavera (ou inverno..rss), mais uma jornada anual, mais motivos para me alegrar, mais velas para apagar... mais, mais e muito mais!
Sinceramente, sou profundamente grato a Deus por todas as dádivas que ele me concedeu, desde as minúsculas, que muitas vezes recebo sem perceber, nem agradecer, até as gigantescas, que só então percebo não merecê-las ter. Grandes sonhos o Senhor me ajudou a realizar, grandes amigos Ele me concedeu para em minha vida levar, preciosas músicas Ele me proporcionou escutar, muitos conhecimentos Ele me ajudou a receber, muito carinho, muito amor, muitas alegrias, muito sucesso, muitos dias memoráveis em minha mente, nunca vou esquecer... Graças Senhor, pelas dádivas, pelas oportunidades e, sobretudo, pelas tuas ricas misericórdias percebidas em meu fôlego de vida!
O dia mal havia começado para mim e recebi telefonemas, SMS, recados pela internet (sem falar dos presenciais), de pessoas queridas que me deram as sinceras felicitações, atitudes que realmente emocionam corações.
Isso tudo, como inúmeras outras coisas, me fez refletir... será que realmente mereço todos estes parabéns?
E quanto àquelas grandes oportunidades perdidas? E quanto aqueles conhecimentos ainda não adquiridos? E quanto aqueles relacionamentos desfeitos? E quanto àquelas decisões erradas tomadas? E quanto àquelas pessoas que (mesmo sem querer) machuquei? E quanto aqueles sonhos que não corri atrás? E quanto aos erros cometidos? E quanto as tristezas que provoquei? E quanto tudo aquilo que poderia ter feito, tive oportunidade para fazer, deveria ter feito, mas ainda assim não fiz? É... em mais um apagar das velas parece que eu tenho mais motivos para lamentar, mais fardos para carregar, do que para me alegrar. Parece que, quanto mais o tempo passa, mais vontade eu tenho de voltar atrás, mais saudade eu tenho daqueles velhos e bons tempos, menos vontade eu tenho de viver os atuais momentos... Definitivamente não mereço nenhum dos parabéns, nenhuma das felicitações (apesar de agradecer a todos os que me deram)... maldito homem que eu sou!
Mas felizmente não me perco em meu pessimismo. Reconheço sim a minha situação, as minhas falhas, mas sei que tudo isso pode ser (e está sendo) transformado em meu Criador e Redentor. Sabe, realmente sou uma péssima criatura, indigno de qualquer dádiva, mas a cada dia, renovo minhas alegrias e esperanças ao escutar a doce voz do meu Criador sussurrando, através da natureza, da criação, das Sagradas Escrituras, algo mais ou menos assim: “Filho, com amor eterno te amei, e por você o preço paguei... agora viva uma vida plena, e prepare-se para uma vida eterna!”
Sabe todas aqueles fardos? São aliviados ao escutá-Lo! Sabe todas aquelas tristezas? Transformam-se em alegria, pois eu sei que, apesar de não poder voltar ao tempo perdido, posso corrigir os meus erros, enfrentar todas as dificuldades, ser uma pessoa melhor, viver uma vida melhor, pois agora tenho a certeza de que posso todas as coisas em Deus! Maldito por ser um pobre pecador, mas bendito porque o Senhor, através de sua graça, me oferece salvação!
Assim sendo, parece meio estranho mas, se alguém merece os parabéns este é o Senhor, pelas inúmeras impossibilidades que Ele tornou possíveis em minha vida, pela transformação constante do meu ser, pelo milagre da vida que a cada um de nós Ele concede, pelo Seu grandioso amor que em pequenas e grandiosas coisas Ele demonstra, e pela vida eterna a nós oferecida ao Seu lado. Parabéns Senhor e, muito obrigado pela vida que me deste (em mais um ano, mais uma vez) e pelas novas oportunidades oferecidas. Obrigado Senhor, mil vezes obrigado!