Igrejas pentecostais são interditadas na Angola



A morte de 16 pessoas por asfixia e esmagamento, ocorrida na virada do ano no Estádio da Cidadela Desportiva, em Angola, trará sérias consequências sobre as igrejas de todo o país. O incidente aconteceu durante o culto da Igreja Universal do Reino de Deus denominado “Vigília do Dia do Fim”.

Após a conclusão das investigações, as autoridades angolanas decidiram suspenderam por 60 dias as atividades de sete denominações evangélicas no país. Além da Igreja Universal do Reino de Deus, foram atingidas as Igrejas Mundial do Poder de Deus, Mundial do Reino de Deus, Mundial Internacional, Mundial da Promessa de Deus, Mundial Renovada e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém.

A alegação do governo é que elas não estão “legalizadas”, ou seja, reconhecidas pelo Estado angolano e autorizadas a realizar cultos religiosos e fazer publicidade. Com isso, elas não poderão realizar nenhum culto ou atividade similar em seus templos por dois meses.

A decisão de suspender as atividades das igrejas é uma das conclusões da Comissão de Inquérito nomeada pelo presidente José Eduardo dos Santos. A Procuradoria Geral da República declarou que ainda vai “aprofundar as investigações e a consequente responsabilização civil e criminal” do que ocorreu no Estádio da Cidadela e que poderá se refletir em outras igrejas.

O governo responsabilizou a IURD pelo acidente por causa da superlotação no interior e exterior do Estádio, tendo atraído para o local um elevado número de pessoas, incluindo  idosos, crianças e doentes. Além disso, a publicidade utilizada para a mobilização dos fiéis foi considerada “criminosa e enganosa… continha informações falsas, suscetíveis a alarmar o espírito do público e induzi-lo ao erro”.

Segundo o relatório oficial, o estádio comportava 30.000 pessoas, mas o culto reuniu  “um total de 152.600 fieis, sendo 35.000 nas bancadas do 1º anel, 30.000 atrás da baliza norte, 30.000 atrás da baliza sul e 57.600 na parte exterior, de frente  à tribuna”.

As dificuldades teriam sido por questões de organização e falta de pessoal adequado para lidar com a multidão, uma vez que todo o serviço foi feito por voluntários. O evento teria início às 20 horas, porém já estava completamente lotado às 18 horas, quando a organização tentou fechar todos os portões, menos o de número 6, por onde uma parte considerável da população afluiu, provocando uma enorme pressão sobre a entrada, o que resultou em pessoas pisoteadas e asfixiadas. O agravante é que mesmo após a sequência das mortes e desmaios, a IURD não interrompeu o culto.

A medida do governo foi proibir a realização de cultos religiosos em recintos fechados além dos templos, como estádios e ginásios esportivos sem que haja a realização de reuniões entre todas as partes envolvidas, incluindo a polícia, os bombeiros e as autoridades locais.

Os departamentos ministeriais competentes farão uma fiscalização severa nos próximos dias e  o poder executivo angolano pediu “aos fiéis das igrejas visadas e a toda a população em geral que se mantenham serenos e cumpram cabalmente as decisões tomadas”.  Com informações Angola 24 horas.