A mensagem laodiceana


A mensagem laodiceana aplica-se ao povo de Deus que professa crer na verdade presente.
A maior parte, são professos mornos, tendo o nome mas faltando-lhes o zelo. Deus deu a conhecer que queria que os homens localizados no grande coração da obra corrigissem o estado de coisas ali existente, e se mantivessem como fiéis sentinelas em seu posto de dever. Deu-lhes luz acerca de todos os pontos, para instruir, animar e confirmar esses homens segundo o caso o exigisse. Apesar de tudo isso, porém, os que deviam ser fiéis e verdadeiros, fervorosos no zelo cristão, de temperamento benévolo, conhecendo e amando sinceramente a Jesus, encontram-se a ajudar o inimigo em enfraquecer e desanimar aqueles a quem Deus está usando para edificar a obra. Aplica-se a esta classe o termo "morno". Professam amar a verdade, todavia são deficientes no fervor e no devotamento cristãos. Não ousam desistir inteiramente e correr o risco dos incrédulos; não se acham, no entanto, dispostos a morrer para o próprio eu e seguir exatamente os princípios de sua fé. 

A única esperança para os laodiceanos é uma clara visão de sua condição diante de Deus, o conhecimento da natureza de sua enfermidade. Nem são frios nem quentes; ocupam uma  posição neutra e, ao mesmo tempo, lisonjeiam-se de não necessitar de coisa alguma. A Testemunha Verdadeira aborrece essa mornidão. Causa-Lhe desgosto a indiferença dessa classe de pessoas. Diz Ele: "Oxalá foras frio ou quente!" Apoc. 3:15. Como água morna, são nauseantes a Seu paladar. Nem são desinteressados nem egoistamente obstinados. Não se empenham inteiramente e de coração na obra de Deus, identificando-se com seus interesses; mas se mantêm afastados, e estão prontos a deixar seus postos quando os interesses mundanos, pessoais o exijam. Carecem da obra interior da graça no coração; acerca desses se diz: "Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu." Apoc. 3:17. 

O Remédio Divino 

A fé e o amor são as verdadeiras riquezas, o ouro puro que a Testemunha Verdadeira aconselha os mornos a comprar. Por mais ricos que sejamos em tesouros terrestres, toda a nossa riqueza não nos habilitará a comprar os preciosos remédios que curam a doença da alma chamada mornidão. A inteligência e as riquezas da Terra eram impotentes para remover os defeitos da igreja de Laodicéia, ou remediar-lhes a deplorável condição. Eram cegos, não obstante achavam que estavam bem. O Espírito de Deus não lhes iluminava a mente, e não percebiam sua pecaminosidade; não sentiam, portanto, necessidade de auxílio. 

Estar sem as graças do Espírito de Deus é realmente triste; mais terrível condição, porém, é estar assim destituído de espiritualidade e de Cristo, e ainda buscar justificar-nos dizendo aos que se sobressaltam por nós que não necessitamos de seus temores nem piedade. Temível é o poder da ilusão própria no espírito humano! Que cegueira! tomar a luz por trevas e as trevas por luz! A Testemunha Verdadeira aconselha-nos a comprar dEle ouro provado no fogo, vestidos brancos e colírio. 

O ouro aqui recomendado como tendo sido provado no fogo, é fé e amor. Ele enriquece o coração; pois foi limpo até tornar-se puro, e quanto mais é provado tanto mais intenso é seu brilho. Os vestidos brancos são a pureza de caráter, a justiça de Cristo comunicada ao pecador. É na verdade uma vestimenta de textura celeste, que só se pode comprar de Cristo por uma vida de voluntária obediência. O colírio é aquela sabedoria e graça que nos habilitam a distinguir entre o mal e o bem, e perceber o pecado sob qualquer disfarce. Deus deu a Sua igreja olhos aos quais requer dos crentes que unjam com sabedoria, para que vejam claramente; muitos, porém, se pudessem, tirariam os olhos da igreja; pois não quereriam que suas ações viessem à luz, para não serem reprovados. O colírio divino comunicará clareza ao entendimento. Cristo é o depositário de todas as graças. Ele diz: "Aconselho-te que de Mim compres."

(Ellen G. White, Testemunhos Seletos Vol. 1, p. 476-478)