Como você caiu dos céus!


"Como você caiu dos céus, ó estrela brilhante, filho da alvorada! Foi lançado à terra, você que destruía as nações. Pois dizia consigo: ‘Subirei aos céus e colocarei meu trono acima das estrelas de Deus. Dominarei no monte dos deuses, nos lugares distantes do norte.
Subirei aos mais altos céus e serei como o Altíssimo’. Em vez disso, será lançado ao lugar dos mortos, ao mais profundo abismo.” (Isaías 14:12-15, NVT)

O capítulo 14 de Isaías tem uma dupla interpretação. Refere-se à Babilônia literal, portanto à Babilônia histórica e ao seu governante, inimigos do povo de Deus da época em que foi escrito (por volta de 716-715 a.C.), mas também, do mesmo modo que no Novo Testamento é citada uma Babilônia simbólica (Apocalipse 14:8; 17:16; 18:4; 19:2), como centro do império diabólico, ou seja, uma Babilônia espiritual, este capítulo também pode ser usado como um retrato dos inimigos do povo de Deus de todas as eras e de seu governante. Essa interpretação aparentemente foi usada por Cristo, quando disse ter visto satanás caindo do céu como um relâmpago em Lucas 10:18.

Digamos que essa técnica interpretativa não é algo novo ou estranho para a compreensão da Bíblia, visto que os próprios autores da Bíblia a utilizaram. Além dos exemplos citados, Romanos 9 a 11 mostram Paulo utilizando-a para distinguir o Israel literal do Israel espiritual, se é que podemos chamar assim (cf. Romanos 9:25, por exemplo). O mesmo ocorre com Pedro (1 Pedro 1:1,2,9,10). Assim, do mesmo modo como algumas profecias feitas ao Israel literal cumprem-se no Israel espiritual, as profecias feitas sobre a Babilônia histórica, cumprem-se igualmente na Babilônia espiritual, ou seja, assim como há detalhes proféticos da queda da Babilônia histórica, os capítulos 13 e 14 de Isaías detalham a queda da Babilônia espiritual.

Deste modo, os versos iniciais usados para referir-se ao rei da Babilônia histórica (ver vs.4), também fazem referência ao governante da Babilônia espiritual, satanás. A partir deles, em especial ao que foi traduzido como “estrela brilhante” ou “estrela da manhã”, “luz da alvorada”, ou  “filho da alva”, é que surgiu o nome Lúcifer, que do latim significa “portador de luz”. Apesar de esse termo não ser um nome próprio encontrado na Bíblia, e há diversas críticas sobre isso, é utilizado por religiões para referir-se a satanás antes do pecado. É importante ressaltar que por mais que o nome não apareça na Bíblia, o ser que o representa aparece. E essa profecia pode ser aplicada a ele, como inicialmente esclarecido.

“Estrela da alva” (Isaías 14:12) aqui serve para ilustrar a posição elevada que satanás tinha no Céu, ao lado de Cristo, a quem também é atribuído termo similar (ver 2 Pedro 1:19, Apocalipse 22:16). Essa posição, possivelmente a mais importante após a posição de Cristo, devido à atribuição do termo, logo foi deposta quando, na guerra contra Jesus, satanás foi derrotado, expulso do Céu e lançado para a Terra (cf. Apocalipse 12:7-9). 

E o motivo é exposto no verso 13: Pelo seu orgulho, satanás queria ser exaltado acima das estrelas, dos anjos de Deus (cf. Jó 38:7), e assentar no trono do universo, ocupando o lugar do Eterno Deus, sendo semelhante ao Altíssimo (vs.14). Sendo um ser criado, Lúcifer almejava a honra dos seres celestiais e de todo o universo devida somente ao Criador. Ele queria ser Deus. E foi lançado ao mais profundo abismo.

Note que essa não é necessariamente uma referência ao inferno como um lugar existente atualmente, conforme a crença popular. É uma figura de contraste comparado ao almejado lugar mais alto do universo, o trono de Deus. Ele orgulhosamente queria ser honrado, o que originou o pecado, e por isso foi humilhado.

E daí originou-se tudo o que conhecemos como pecado. De um ser que queria ser Deus, mesmo tendo sido criado por Ele. Isso deveria ser objeto constante de nossa reflexão. Toda vez que escolhemos cair em tentação, estamos cumprindo o propósito desse terrível ser, que quer ocupar o lugar de Deus. Acabamos sendo marionetes nos colocando nas mãos de satanás ao decidirmos pecar. É esse mesmo o seu desejo?

Que neste novo dia decidamos estar mais próximo a Cristo, em quem obteremos poder para mais uma vez derrotar aquele que deseja ocupar o lugar do Criador e quer nos usar para isso. Que, pelo poder do Eterno, não permitamos ser manipulados pelas estratégias satânicas ao tentar atingir o seu propósito inicial, e que o Senhor te dê vitórias em todo o seu viver.

(Henderson Rogers)

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