Esperança para os Laodiceanos


A única esperança para os Laodicenos é uma clara visão da sua condição diante de Deus, o conhecimento da natureza da sua enfermidade. Nem são frios nem quentes; ocupam uma posição neutra e, ao mesmo tempo, gabam-se de não precisarem de nada. A Testemunha Verdadeira odeia essa mornidão. Tem aversão à indiferença deste tipo de pessoas. Ele disse: “Oxalá foras frio ou quente!” (Apocalipse 3:15). Tal como a água morna, são nauseantes ao Seu paladar. Nem são desinteressados nem egoistamente obstinados. Não se empenham totalmente e de coração na obra de Deus, identificando-se com os seus interesses; mas mantêm-se afastados e estão prontos a deixar os seus postos quando os interesses mundanos pessoais assim o exijam. Precisam da obra interior da graça no coração; sobre estes diz-se: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Apocalipse 3:17).

A fé e o amor são as verdadeiras riquezas, o ouro puro que a Testemunha Verdadeira aconselha os mornos a comprarem. Por mais ricos que sejamos em tesouros terrestres, toda a nossa riqueza não nos habilitará a comprar os preciosos remédios que curam a doença da alma chamada mornidão. A inteligência e as riquezas da Terra eram impotentes para remover os defeitos da Igreja de Laodiceia, ou remediar a sua deplorável condição. Eram cegos, no entanto achavam que estavam bem. O Espírito de Deus não lhes iluminava a mente, e não percebiam a sua pecaminosidade; não sentiam, portanto, necessidade de ajuda.

Estar sem as graças do Espírito de Deus é realmente triste; mais terrível condição, porém, é estar assim destituído de espiritualidade e de Cristo, e ainda procurar justificar-nos dizendo aos que se inquietam por nós que não necessitamos dos seus temores nem piedade. Temível é o poder do engano próprio na mente humana! Que cegueira tomar a luz por trevas e as trevas por luz! A Testemunha Verdadeira aconselha-nos a comprar d’Ele ouro provado no fogo, vestidos brancos e colírio. O ouro aqui recomendado como tendo sido provado no fogo é a fé e o amor. Ele enriquece o coração, pois foi limpo até se tornar puro; e quanto mais é provado, mais intenso é o seu brilho. A vestidura branca é a pureza de caráter, a justiça de Cristo comunicada ao pecador. Esta é, na verdade, uma vestimenta de textura celestial, que só pode ser comprada a Cristo por uma vida de voluntária obediência. O colírio é aquela sabedoria e graça que nos habilitam a discernir entre o mal e o bem e a detetar o pecado sob qualquer disfarce. Deus deu à Sua igreja olhos que Ele requer que os crentes unjam com sabedoria, para que vejam claramente; muitos, porém, se pudessem, tirariam os olhos da Igreja; pois não iriam querer que as suas ações viessem à luz, para não serem reprovados. O colírio divino comunicará clareza ao entendimento. Cristo é o depositário de todas as graças. Ele diz: “Aconselho-te que de Mim compres” (Apocalipse 3:18).

Alguns podem dizer que esperar favor de Deus através das nossas obras é exaltar os nossos próprios méritos. Certamente não podemos comprar uma vitória sequer com as nossas boas obras; no entanto, não podemos ser vitoriosos sem elas. A compra que Cristo nos recomenda é simplesmente cumprir as condições que Ele nos propõe. A verdadeira graça, que é de inestimável valor e que resistirá à experiência da provação e da adversidade, só se obtém pela fé, e pela humilde obediência apoiada pela oração. As graças que resistem às provas da aflição e da perseguição, e demonstram a sua pureza e sinceridade, são o ouro que é provado no fogo e achado genuíno. Cristo propõe-Se a vender este precioso tesouro ao homem: “Aconselho-te que de Mim compres ouro, provado no fogo.” Apocalipse 3:18. O morto, frio cumprimento do dever não nos faz Cristãos. Devemos sair do estado de mornidão e experimentar uma conversão real, ou perderemos o Céu.

(Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, p. 87-89, CPB)