Coando o mosquito e engolindo o camelo



Vi que a mente de alguns na igreja não tem andado na devida direção. Tem havido alguns temperamentos peculiares, que têm lá suas idéias pelas quais julgam os irmãos. E se alguém não estava exatamente em harmonia com eles, havia imediatamente perturbação no acampamento. Alguns têm coado um mosquito, e engolido um camelo.

Essas idéias têm sido nutridas e com elas alguns têm condescendido, por longo tempo. Apegam-se a qualquer palha, por assim dizer. E quando não há dificuldades reais na igreja, fabricam-se provações. A mente da igreja e os servos do Senhor são desviados de Deus, da verdade e do Céu, para se fixarem nas trevas. Satanás se deleita em que estas coisas prossigam; isto é um regalo para ele. Não são, porém, estas tribulações, que hão de purificar a igreja, e, no fim, aumentar a resistência do povo de Deus.

Vi que alguns estão secando espiritualmente. Têm vivido por algum tempo a observar a fim de manter os irmãos direitos — observando toda falta, para então os meter em dificuldades. E enquanto isto fazem, a mente não está em Deus, nem no Céu ou na verdade; mas simplesmente onde Satanás quer que esteja — noutros. Sua alma é negligenciada; raramente essas pessoas vêem ou sentem as próprias faltas, pois têm tido bastante que fazer em vigiar as faltas dos demais, sem sequer olhar a própria alma, ou examinar o próprio coração. O vestido, o chapéu ou o avental lhes prendem a atenção. Precisam falar a este e àquele, e isto basta para os ocupar por semanas. Vi que toda a religião de algumas pobres almas, consiste em observar a roupa e os atos dos outros, e em os criticar. A menos que se reformem, não haverá no Céu lugar para elas, pois achariam defeitos no próprio Senhor.

Disse o anjo: “É uma obra individual o estar direito para com Deus.” A obra é entre Deus e nossa própria alma. Mas quando as pessoas têm tanto cuidado com as faltas dos outros, não cuidam de si mesmas. Essas pessoas imaginativas, críticas, curar-se-iam muitas vezes desse hábito, se se dirigissem diretamente à pessoa que pensam estar errada. Isto seria tão desagradável, que abandonariam suas idéias, de preferência a ir ter com elas. Mas é mais fácil deixar a língua trabalhar livremente acerca deste e daquele, quando o acusado não está presente.

(Ellen G. White, Testemunhos Seletos vol. 1, p. 43, 44, CPB - grifos meus)